Esta é uma carta endereçada a um amigo muito querido. Como você, leitor,
também é um amigo (quem mais leria esse blog de audiência restrita? No mínimo,
você é um conhecido meu), sinta-se à vontade para tomar esse texto para si.
Engenheiro Coelho, 1º de Junho de
2015.
Cara, eu não sei se você estava
esperando por isso, mas não vou fazer um sermão.
Sei que se eu colocasse versos bíblicos ou indicações de leitura, você acharia bacana e tal, mas não iria atrás. Não significa que não pesquisei para escrever. Na real, isso aqui é fruto de umas várias conversas com pessoas espiritualmente conscientes/maduras, algumas leituras bíblicas, coisas bacanas que li e um tiquinho de Google (só para eu não me sentir tão des-descolado). Porém, sei que a despeito de ser seu amigo, serei sempre o seu pastor: aí vai um texto bíblico que resume tudo o que tenho a dizer: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes nos vossos prazeres”. Está em Tiago 4:3. Vamos falar de oração, então.
Sei que se eu colocasse versos bíblicos ou indicações de leitura, você acharia bacana e tal, mas não iria atrás. Não significa que não pesquisei para escrever. Na real, isso aqui é fruto de umas várias conversas com pessoas espiritualmente conscientes/maduras, algumas leituras bíblicas, coisas bacanas que li e um tiquinho de Google (só para eu não me sentir tão des-descolado). Porém, sei que a despeito de ser seu amigo, serei sempre o seu pastor: aí vai um texto bíblico que resume tudo o que tenho a dizer: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes nos vossos prazeres”. Está em Tiago 4:3. Vamos falar de oração, então.
Eu sei que você está perdido, meu
amigo. Também estive assim por um bom tempo: foi um saco. Eu sabia que havia
chegado a um momento de decisão, na minha vida e precisava de direção divina.
Porém, quando orava, parecia que a oração batia no teto e voltava para mim. Me
sentia ridículo, um cristão incompetente (no meu caso, para piorar, sempre tem
o agravante de eu fazer Teologia. Isso só torna meu papel de babaca ainda
maior). Enfim, eu orava e não acontecia nada. Só rolava aquele eco, fora e
dentro de mim. Sei bem o que você está passando. Mas não desista. Esse momento
é bem didático, se você parar para pensar. É Deus mostrando a você o vácuo.
Calma, não quer dizer que Ele esteja deixando você no vácuo, mas sim que você está deixando vocês dois no vácuo.
É Ele mostrando a você como é ridículo fazer as coisas sozinho. E como é
patética a vida sem a busca por respostas, sem essa transcendentalidade, essa
grandeza que o espiritual, o sobrenatural, adiciona aos nossos dias banais. É
Deus mostrando que dentro de você tem um tremendo buraco, e se somente as
dúvidas são caos suficiente para que você deixe Ele preenchê-lo, será esse
mesmo o caminho que Ele usará para chegar ao seu coração. Esse incômodo é para
tirar você do cômodo. Para tirar o pó da sua fé, da sua vida. Agora você viu a
necessidade. E necessidade é oportunidade.
Mãos à obra! Basicamente, uma vez
que você pede para ouvir a voz de Deus, você precisa – no mínimo – já começar
sua empreitada ciente, submisso ao jeito “único” divino de responder. Já comece
sabendo, de cara, que provavelmente não vai ser do seu jeito. Já parou para
pensar na possibilidade de você não saber nem mesmo pedir, que dirá receber?
Por isso mesmo, Deus vai responder da melhor forma. Aceite, somente. Com isso
em mente, o quanto você quer ouvi-lo? O quanto levará a sério o que Ele dirá? E
até onde iria para obter suas tão necessárias respostas? Pense em tudo isso com
cuidado e não ouse começar o que não vai terminar.
Um pequeno lembrete. Depois de
estar seguro quanto ao que deseja ouvir de Deus, esteja preparado para a
possibilidade de as coisas saírem fora do esperado. Quando você pedir a Deus
por um caminho seguro, ou perguntar o que Ele quer para sua vida, e Ele
simplesmente responder apontando pecados que precisam ser exterminados, vai
fazer o quê?
Deus, historicamente, só revela a
nós o que temos condições de compreender. Ou seja: para tomarmos uma decisão,
sempre teremos o suficiente. Por isso, contente-se com o que lhe for
apresentado a princípio. É o que você está apto a entender no momento. Mas Deus
curte nosso aprimoramento espiritual e nos oferece alguns upgrades. É progressivo:
quanto mais você quiser (de fato) ouvir, mais ouvirá. E quanto mais ouvir, mais
estará apto a obter maiores respostas. Deus leva em conta o nosso ritmo. Porém,
fique esperto: quanto mais a gente sabe da vontade de Deus, menos desculpas tem
para fazer o que é errado. Saber é compromisso.
Para obter respostas divinas é
preciso relacionar-se. É simples e óbvio: Deus muito provavelmente não falará
contigo em voz alta. Por isso, se não será uma resposta explícita, audível,
como você captará a “voz” divina caso não O conheça? Relacionamento íntimo com
Deus, portanto, é uma bruta necessidade. E, pelo amor da Madre Teresa, não seja
artificial. Sinceridade é o caminho da fidelidade. Seja transparente. Se
estiver com nojo, raiva, medo de Deus, fale para Ele. E na hora de pedir, peça
com gosto, com vontade. Seja específico e detalhista. Mostre a sua vontade e
peça pela dele. Mas preciso repetir: seja sincero. Não me venha copiar oração
de outros, muito menos bajular o céu. Se engana quem pensa que a Deus se
engana.
Já estamos terminando (exercite
sua paciência, cara. Afinal, com Deus, as respostas podem não ser rápidas).
Para ouvir a voz de Deus, precisamos estar espiritualmente suscetíveis e
conscientes. Há alguns caminhos para isso:
- Oração (ore por si mesmo e peça oração intercessora);
- Oração na madrugada (um ato que conduz à disciplina, além de ser esse um momento no qual você está com a mente mais limpa, arejada e tranquila. Acredite: funciona! E vamos combinar: é muito cool orar de madrugada. Tanto é que sempre desperta uma saudável inveja alheia).
- Jejum (não se trata de um ato de penitência, ou de trocar favores com Deus passando fome. Em jejum, nossa mente funciona melhor. Aflora. Ainda mais no seu caso, que só come besteira, isso faz sentido. Experimente pesquisar sobre. Além disso, o jejum é uma baita atestação [para você mesmo, para Deus, e para que vê-lo jejuando] da sua vontade em entender a vontade divina. As mais profundas captações da vontade de Deus vêm em momentos de jejum e reflexão);
- Jornadas de leitura bíblica (A vontade de Deus está na Bíblia. Peça a Ele que conduza sua leitura. Você achará os textos necessários ao seu crescimento. Esse processo desenvolve a comunhão e o intelecto);
- Fuga do mal (nem fique argumentando ou racionalizando: fuja e pronto. Você sabe muito bem o que faz de errado e tem até uma certa ideia de como parar. Pare já. Essas nossas práticas erradas deixam a mente da gente opaca, confusa, turva. Peça a Deus que o ajude a filtrar o que lê, ouve, vê, fala, faz, pensa, planeja... Esteja limpo).
Por último (amém), meu amigo,
seja persistente. Converta o tamanho da sua dúvida/necessidade no tamanho do
seu esforço. Sem fé, a gente não tem como agradar a Deus. Busque e achará; peça
e será dado; bata e será aberto. E não esqueça: entregue seu caminho todo ao
Senhor, confie nEle e deixe tudo com Ele. Bora começar? Aguardo as novidades e
bênçãos. E, sempre que precisar, conte comigo (desculpa, mas imaginei você e eu
contando infinidades numéricas juntos. Foi engraçado, na minha cabeça).
Seu amigo, Lucas Schultz.