Por Camila Linhares de Queiroz Freire
Camila é filha do Pastor Geovani Queiroz, presidente da União Leste Brasileira. Ela sempre foi uma força tremenda na IASD Brooklin onde a conheci. |
Dizem
que a vida é feita de escolhas. Só não te contaram que nem sempre é VOCÊ quem
decide por algo. Por exemplo, ninguém escolhe os pais que terá ou onde irá
nascer. Posso me considerar privilegiada pelos pais que tenho. Porém,
privilégios vêm acompanhados de responsabilidades.
No caso
de uma família pastoral fica evidente o exemplo e a cobrança sobre uma vida espiritual
real. Porque, como bons seres humanos que somos, gostamos de ver pessoas
praticando o que dizem. Por outro lado, também interessa quando o contrário
acontece. Sendo assim, é comum vermos irmãos que esperam uma espécie de
perfeição da família pastoral.
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De
maneira prática, sugiro muita conversa e transparência dentro de casa. Existem
coisas que não podem e nem precisam ser tratadas fora de casa ou em frente a
outros (mesmo familiares ou irmãos da igreja). Contem pra sua família sobre o
seu salário e como você e seu cônjuge controlam as despesas da família. Isso
vai facilitar muito quando começarem a pedir brinquedos, roupas de marca e
eletrônicos que “todo o mundo tem”, mas que na realidade podemos viver sem. O
salário de um pastor não é para obter riqueza, mas para que a família tenha
tudo o que é necessário para viver decentemente. Conte como a Igreja administra
os dízimos e as ofertas. Seu filho vai começar a entender o valor do dinheiro e
a santidade do dízimo. Faça com que ele não se sinta uma estatueta do Oscar do bom
comportamento ou um pequeno cristão de fachada. Mostre em casa o que é falado
no púlpito e com amor e sinceridade que às vezes você erra, mas que pede perdão
e procura fazer o que é correto. Você quer ver a igreja fazer cultos familiares
e pequenos grupos? Faça na sua casa. Dê responsabilidades espirituais e da vida
prática para ele. Ele precisa aprender a
buscar a Deus sozinho porque não é o ministério do pai que irá salvá-lo. Com a
busca espiritual individual ele vai ter a coisa mais importante da vida. Ensine
sobre o mundo. Que as coisas não caem no colo e que é preciso lutar pelas
coisas. Infelizmente vejo que muitos filhos de pastor não conseguem sair da
“bolha” da igreja. Deixe-me explicar. O filho de pastor cresce numa família estruturada,
com necessidades materiais supridas, fazendo parte de um grupo de pessoas que procura
fazer o que é certo, além de respeitar a família pastoral. Para completar, o
seu pai não tem uma profissão comum, com busca frenética por promoções,
participações nos lucros, espaço no mercado de trabalho, etc.. Quando precisa
estudar numa faculdade que não é adventista, fazer amigos e colegas em
ambientes “neutros” em que religião não é nem de longe a coisa mais importante
na vida deles, construir uma carreira, enfim, conviver com as coisas do mundo,
esse filho de pastor que não tem firmeza no que acredita ou confiança e diálogo
aberto com os pais, infelizmente tem grandes chances de “desandar” ou voltar
correndo pra “debaixo da saia” da família e da obra, simplesmente por falta de
confiança de enfrentar o mundo e/ou ver sua fé sendo
provada.
provada.
Aprendi
muito com meus pais e tive em casa esses conselhos que mencionei acima. Isso me
fez amar a obra, a igreja e Deus. Agradeço por ter pais (porque não é só o pai
pastor, mas também e especialmente a mãe/esposa) que me ensinaram desde cedo
sobre tudo. Acho que eu era uma das poucas filhas de pastor que já ganhava
mesada, dizimava e ofertava antes de aprender a ler. Sabia mais de geografia
que ninguém, na escola, pois acompanhei meu pai em muitas viagens e nas
mudanças de cidade sempre aprendi os sotaques mais rápido que os outros da
família. Esse estilo de vida nômade e sempre em sociedade me deu o privilégio
de conhecer inúmeras cidades, igrejas e pessoas que me fizeram mais tolerante e
adaptável a qualquer situação. Encarei uma vida longe de casa cedo, pois fui
atrás daquelas decisões que citei no início (carreira, fé, casamento) e posso
dizer que longe de casa é que pude saber quem eu era e o que eu estava fazendo
naquela igreja. Hoje posso afirmar que creio no que creio e sou o que sou por
minha própria decisão. E também posso dizer que eles me deram toda a base pra
afirmar isso. Uma coisa que aprendi com nossa querida amiga Ellen White (virou
minha “querida” depois que resolvi sair da ignorância adventista contemporânea
e ler os livros do Espírito de Profecia) é que nossa maior missão nessa terra é
ajudar na salvação dos que estão dentro da nossa casa. Não esqueçam dos seus e
eles não esquecerão de Deus.